terça-feira, 24 de novembro de 2015

POLÍTICAS EDUCACIONAIS PARA OS POVOS INDÍGENAS NO BRASIL: UMA QUESTÃO DE DIREITO

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Uma Garota Cega

Havia uma garota cega que se odiava pelo fato de ser cega!
Ela também odiava a todos exceto seu namorado!
Um dia ela disse que se pudesse ver o mundo, ela se casaria com seu namorado.
Em um dia de sorte, alguém doou um par de olhos a ela!
Então o seu namorado perguntou a ela:
- Agora que você pode ver, você se casa comigo?
A garota estava chocada quando ela viu que seu namorado era cego!
Ela disse:
- Eu sinto muito, mas não posso me casar com você porque você é cego!
O namorado afastando-se dela em lágrimas disse:
- Por favor, apenas cuide bem dos meus olhos, eles eram muito importantes pra mim...
Nunca despreze quem ama!!!
As vezes as pessoas fazem certos sacrifícios e nós nem ligamos...
Não existe maior bem do que fazer a felicidade de alguém. Nem nada menos caro, nem mais fácil, pois que a felicidade é algo que se pode oferecer em gestos, e atenções.
Se olhamos à nossa volta, percebemos que a carência humana está no fato das pessoas terem perdido os valores imateriais a favor dos materiais. Compra-se quase tudo em nossos dias...mas o bem ninguém compra. Compra-se até companhia, mas não a sinceridade. Compra-se conforto, mas não a paz de espírito, não a tranqüilidade, menos ainda a felicidade. Esta a gente oferece.
Há uma grande diferença entre o dar e o oferecer.
Quando damos, estendemos a mão, mas quando oferecemos... é nosso coração que entregamos junto, é um pedacinho de nós que vai caminhando na direção do outro
e o bem que ele provoca retorna ao nosso interior.
Tornamos pessoas felizes quando damos de nós mesmos.
E damos de nós quando oferecemos o que quer que seja de coração escancarado. O grande mal do mundo consiste no fato das pessoas guardarem coisas para si.
Guardam bens, guardam sentimentos, guardam declarações, guardam ressentimentos, falam ou calam na hora errada. Vivem de aparências com as gavetas da alma repletas de coisas inúteis. E quando morrem, tornam-se pó, como todo mundo, sem ter aproveitado o tempo para compartilhar, com honestidade, o bem que a vida lhes ofereceu.
A maior herança que podemos deixar à humanidade é o amor que oferecemos de várias formas, são as pequenas felicidades do dia-a-dia que vamos distribuindo aqui e acolá, a compreensão que acalma as almas inquietas e a ternura que abranda os desenganos da vida.
E o que representa a felicidade hoje pode não representar amanhã. Por isso ela é tão múltipla, tão incompreendida e tão necessária. Por isso é tão importante distribuir sorrisos, plantar flores, fazer visitas, dar bom dia e boa noite,não se esquecer dos abraços e dos te amo imprescindíveis ao coração.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013




domingo, 18 de março de 2012

Manipulação midiática

O “Grande irmão”: o totalitarismo da “liberdade” capitalista

“Grande irmão” é a expressão usada por George Orwell para definir o
controle exercido pelo regime totalitário em seu romance 1984 (escrito em 1948).
Naquela história, os trabalhadores são manipulados a tal ponto que existe uma
complexa “polícia do pensamento” que a todos vigia por meio de câmaras
filmadoras. Pensar “errado” é um crime passível das mais violentas torturas. O
correto, naquele romance, é “não pensar”. Não por acaso, o personagem principal
do livro tem como função em seu trabalho reescrever a história, apagar vestígios,
mudar a escrita sobre o passado. A história deixa de ser um processo que faça
sentido para seus sujeitos. É apenas um amontoado de fatos facilmente alteráveis
retirando pessoas de fotografias, recortando fora acontecimentos que pouco
tempo depois poderão voltar a fazer sentido para a história oficial, ou não, pouco
importa.
Orwell, em que pese seu comprometimento com o sistema capitalista, foi
um ferrenho crítico desse tipo de totalitarismo e nos deu subsídios para entendê-
lo. A ironia, porém, é que o mundo supostamente “da liberdade” (o capitalismo) é
aquele que tem sistematicamente aplicado idênticas práticas totalitárias. A mesma expressão “Big Brother” (grande irmão) é usada para um programa televisivo que
aparentemente tem a inocente função de nos entreter. Pessoas voluntariamente
presas em uma casa onde são observadas 24 horas por dia por câmaras
filmadoras. Tudo isso é feito objetivando um prêmio, uma quantia irrisória de
dinheiro comparado aos lucros que a empresa que produz o programa obtém com
ele. Diríamos ainda que não é só isso, trata-se da fama, das possibilidades de
“trabalhos” como posar nus em revistas. A própria intimidade do corpo é outro bom
campo a ser “espiado”. Aqueles confinados ficam felizes em transformar
meteoricamente seus corpos em mercadorias na banca de revistas.
Lá onde estão confinados existe um mundo de faz de conta: não falta nada,
há constantes recompensas por “bom comportamento”, os “errados” são punidos
com pequenas prendas, há constantes festas de “fantasia” que tornam ainda mais
curioso esse mundo “real”. Uma das punições é o trabalho: ter que cozinhar, ter
que limpar o banheiro, lavar o chão. É intrigante que com tão pouco trabalho
aquele ambiente seja sempre tão limpo, tão passível de aprovação pelo “padrão
de qualidade global”. Isso é mais um indício de que há uma produção do programa
que não aparece e que mantém aquela aparência de vigia 24 horas. Ora, seria
impossível tantas câmaras serem mostradas ao mesmo tempo, portanto a edição
é uma exigência lógica do programa. Mas mesmo assim, ele é vendido por
permitir “ver tudo”.
O Big Brother Brasil não é original. É uma cópia e se parece muito com
muitos outros programas que têm sido divulgados nos últimos anos, seja pela
televisão, seja pela Internet. Fundamentalmente temos um grupo aprisionado
sendo vigiado. Mas: o que faz com que as pessoas parem para ver o que está
“acontecendo” lá dentro? O sonho de poder estar no mesmo lugar? A falta de
interesse pela “vida real” tão cheia de problemas que desaparecem como num
passe de mágica no programa que diz ser “vida real”?
Uma pista para isso está na necessidade do programa tirar completamente
qualquer realidade histórica do alcance de quem participa. Não há tempo, não há
espaço. Aqueles fatos poderiam ocorrer em qualquer tempo, em qualquer lugar,
sem qualquer mudança. O mundo poderia estar caindo à volta daquela casa e nada os abalaria. É o sonho da existência de um lugar em que não é necessário
trabalhar, come-se bem, se tiver sorte pode namorar alguém, e ainda viver muitas
fantasias...
A beleza não precisa nem ser comentada: ela está ali. Todos são belos,
perfeitos modelos e sobretudo: magros. Exceção, apenas aos escolhidos por
sorteio. A beleza é um fim em si, algo que chega a desfigurar as pessoas. Os
corpos são erotizados o tempo todo e de tão expostos parecem parte da
decoração.
A própria definição do programa diz muito: trata-se de um jogo, portanto,
sorte e azar são os únicos determinantes. Passar os outros pra trás, enganar,
fingir para se dar bem, tudo isso é esperado dos participantes. E a quem assiste
sobra ainda poder sentir-se participante, escolhendo quem está jogando melhor o
“jogo da vida real”.
Enquanto isso, de quanta dura e triste realidade nos esquecemos. Mas de
tanta profusão de imagens montadas já não se sabe ao certo se aquelas pessoas
sangrando das ruas de Bagdá ou de favelas do Rio de Janeiro invadidas pelo
exército são reais ou apenas personagens de ficção bem projetados por um diretor
e figurinista espertos.
Compreender e romper com o totalitarismo desse sistema fica como desafio
ao pensamento crítico. De nossa “liberdade” escolhemos nos entreter com
pessoas “presas”. Assim, perdemos o limite do espaço, e parece mesmo que
fazemos parte desse grande sistema de vigia, que leva a nada, nos deixa
apassivados admirando esse mundo em que não se sabe ao certo o que é real e o
que é fantasia.
(Carla Luciana Silva. Doutora em História. Professora do Colegiado do Curso de História e do Programa de Mestrado em História da UNIOESTE, Campus de Marechal Candido Rondon.)
Disponível em: http://www.uel.br/grupo-pesquisa/gepal/segundosimposio/carlalucianasilva.pdf

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Adriana Rezner: INVENTÁRIO PATRIMONIAL DA FRONTEIRA

Adriana Rezner: INVENTÁRIO PATRIMONIAL DA FRONTEIRA

INVENTÁRIO PATRIMONIAL DA FRONTEIRA

Patrimônio cultural do Paraguai

Este trabalho tem por objetivo fichar alguns dos patrimônios culturais do Paraguai, para a disciplina de Arquivos e Fontes, do 7º período de História, ministrada pelo professor German Sterling. Fazem parte desta equipe os acadêmicos; Agnaldo dos Santos; Adriana Rezner; Fernando de Pádua; Jéssica Fernanda Alves de Andrade; Julhien Roberta Gonçalves e Karine Albano.
De inicio foi realizado uma visita as cidades; de Foz do Iguaçu - Brasil, Ciudad Del Este - Paraguai, e Puerto Iguazu na Argentina, no dia 1º de maio de 2011, pelos acadêmicos de História do 7º período, juntamente com o Professor da disciplina, German Sterling, posteriormente escolhido pelo professor o país que cada grupo realizaria o trabalho que lhe foi designado.
Sendo assim, o grupo fotografou e em seguida ficharam alguns destes patrimônios culturais, referente ao país, as fichas são;

a) Gastronômicas; Chipas; Vendedora de chipa.
b) Erva ou plantas medicinais; Yuyos e Vendedores de Tereré.
c) Bandeira Nacional.
d) Artesanais; Ñanduti.
e) Iconográficos; Murais.
f) Museus; Museu da Tierra Guarani; Museu Del Mensu.
g) Outros: ônibus; Salto Monday; Praças e Parques.





FICHA PATRIMONIAL

Figura 2 BANDEIRA SIMBOLO NACIONAL

1) Nome do Patrimônio: Bandeira Nacional
2) Local e data: Nas ruas em Ciudad Del Leste, no dia 01 de maio de 2011
3) Tipo de patrimônio: patrimônio cultural
4) Descrição do patrimônio: As bandeiras são símbolos que constituem e produzem a identidade e o nacionalismo em um país. Os símbolos são maneiras de promover a construção de uma sociedade por meio de características especificas de cada espaço.
5) Sendo assim, nas ruas do Paraguai, neste dia de pesquisa foi observado um grande numero de bandeiras nas ruas. È possível pensar que o Paraguai é um país que veste a identidade e luta em favor do nacionalismo, mantendo vivo o patriotismo entre a população paraguaia.




FICHA PATRIMONIAL

Figura 3 CUIA E TERMICA USADA PARA O TERERE

1) Nome do Patrimônio: Tereré
2) Local e data: Nas ruas em Ciudad Del Leste, no dia 01 de maio de 2011
3) Tipo de patrimônio: patrimônio cultural
4) Descrição do patrimônio: Tereré; é uma mistura de erva mate, água fria, e adicionada erva medicinais, usualmente bebida no Paraguai. O tereré faz parte da cultura paraguaia, desde a colonização no século XVI. Segundo uma versão folclórica acredita-se que começaram a tomar o tereré gelado na Guerra do Chaco, (Bolívia e Paraguai, 1932-1935), pois para não acender o fogo para esquentar a água, e serem pegos de surpresa as tropas começaram a beber frio. Outra versão diz que capangas surpreenderam alguns escravos dos ervais fazendo fogo para tomar mate e foram brutalmente torturados. (Paraguai e norte da Argentina) mais ainda contam que os indígenas comecam a tomar para poder filtrar as impurezas presentes nas águas dos rios, com as ervas.
5) Sendo assim, nas ruas do Paraguai, neste dia de pesquisa foram observados muitos paraguaios tomando tereré. Estes costumes por sua vez fazem parte da cultura paraguaia, tendo inicio com os nativos do país.
Disponível em : http://nderasore.com/2009/12/la-historia-del-terere/ Acessado em 23/05/2011.
FICHA PATRIMONIAL

Figura 4 ARTESANATO Ñanduti

1) Nome do Patrimônio: Ñanduti
2) Local e data: Na rua palmas, no dia 14 de maio de 2011
3) Tipo de patrimônio: patrimônio cultural
4) Descrição do patrimônio: o Ñanduti é um elemento do artesanato paraguaio. Palavra que no idioma Guarani significa aranha branca, por imitar as teias de aranhas nos seus moldes, são usados para enfeitar as mesas, como tolhas, trilhos ou como centro de mesas, de maneira geral sempre é utilizados muitas cores na elaboração dos Ñanduti.
5) Sendo assim, nas ruas de cuidad Del este, nas feiras, ou ate mesmo em casa as senhoras paraguaias vão tecendo e passando de geração a geração as técnicas de se confeccionar o Ñanduti.



FICHA PATRIMONIAL

Figura 5: ERVA MEDICINAL


1) Nome do Patrimônio: Ervas medicinal
2) Local e data: Nas ruas em Ciudad Del Leste, no dia 01 de maio de 2011
3) Tipo de patrimônio: patrimônio cultural
4) Descrição do patrimônio: As ervas ou YUYOS fazem parte da cultura paraguaia. São utilizada no dia a dia, preparadas no tererê. Curar com as ervas é uma arte milenar e esta recebe o nome de fototerapia, ou medicina alternativa, diferente porque tem suas próprias regras e métodos. Os paraguaios que fazem uso desta medicina alternativa acreditam que ela cura da mesma forma que a medicina cientifica, os médicos do país vizinho chegam a receitar as ervas no tratamento de doenças.
5) Sendo assim, nas ruas do Paraguai, neste dia de pesquisa foi observado uma variedade de plantas preparadas para a venda. A medicina alternativa esta presente nos centros das cidades, nos bairros ou em qualquer rua do país, ali se encontra uma variedade de plantas desde as mais comuns até as plantas mais raras. Estes costumes por sua vez fazem parte da cultura paraguaia, tendo inicio com os nativos do país.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Futilidades

ONTEM NO JORNAL DO SBT, CARLOS NASCIMENTO FEZ UM COMENTÁRIO SOBRE VÍDEOS FÚTEIS QUE ESTÃO FAZENDO SUCESSO NOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO, PRINCIPALMENTE NA INTERNET, COMO É O CASO DO VÍDEO DA LUISA E DO ESTUPRO NO BBB. TENDO EM VISTA QUE ESSES JÁ CHEGARAM A MAIS DE UM MILHÃO DE ACESSOS.
CONCORDO COM O APRESENTADOR. SE FIZER UMA PESQUISA NO YOUTUBE, VERÁS QUE VÍDEOS QUE FALAM DE COISAS IMPORTANTES E INTELIGENTES QUASE NÃO SÃO ACESSADOS, ENQUANTO DO CONTRÁRIO, BESTEIRAS E COISAS FÚTEIS COMO ESSES QUE ELE CITOU, ENTRE OUTROS, TEM MILHÕES DE ACESSOS, "ISSO É UMA VERGONHA" COMO DIZ BORIS CASOY. ESSES INTERESSES POR FUTILIDADES EM ÉPOCAS DE TAMANHO DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E ACESSO A EDUCAÇÃO É DE SE PREOCUPAR!
É O SER HUMANO JÁ FOI MAIS INTELIGENTE.

http://www.youtube.com/watch?v=j_CUqLslASQ&feature=g-logo&context=G2be8a69FOAAAAAAAAAA

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Um dia você aprende... (Shakespeare)

Filosofia explica o que é a Ética - Mario Sergio Cortella

PAULO FREIRE REFLEXÕES

Mario Sergio Cortella - Não nascemos prontos parte 1/4

Mario Sergio Cortella - Não nascemos prontos parte 2/4

Mario Sergio Cortella - Não nascemos prontos parte 3/4

Mario Sergio Cortella - Não nascemos prontos parte 4/4

sábado, 22 de janeiro de 2011

MUSEU COMUNITÁRIO DOS PARABRASIS




Adriana Rezner
Jéssica Fernanda Alves de Andrade
  
                                         RESUMO
Este artigo tem por objetivo trazer algumas idéias teóricas sobre a organização, metodologia, exposição, e prática de um museu comunitário. Assim como pretende desenvolver uma interação entre os paraguaios do bairro, que cultivam os mesmos hábitos e costumes, preservando a memória, saberes e fazeres.

Palavras chaves: Museu, teoria, comunidade, cultura, história.
 
                    1. INTRODUÇÃO
  Na teoria para organizar um museu é necessário escolher uma comunidade, e o local, levando em conta em primeiro lugar, as condições econômicas, sociais, culturais e políticas da comunidade a ser escolhida.
Tendo em vista que a população local do bairro escolhido é que vai ser o objeto e sujeito da instituição e também o público é o agente que vai atuar e animar o museu, será os seus problemas atuais e futuros que formarão a base da programação e desenvolvimento para o funcionamento do museu. 
O papel do museu é reunir e mobilizar o patrimônio humano, sendo este essencial para o desenvolvimento da comunidade com a finalidade de resgatar e cultivar história e memórias, costumes e hábitos. Para a analise da teoria será utilizada o texto de Hugues de Varine, que trata de forma teórica a organização do Ecomuseu, e Ulpiano T. Bezerra de Meneses, que trará subsídios para pensar a questão da memória, este trabalho será apresentado à disciplina de História e Museu ministrada pelo professor German Sterling, com o tema relacionado os paraguaios.
A princípio pretende-se criar um museu para se conhecer, conviver e preservar os saberes e fazeres de cada cultura, que com a migração tenha resistido à mudança regional. O museu comunitário será de fundamental importância para as pessoas do local, uma vez que vai procura conservar a identidade e as formas de tradições e hábitos, proporcionando o desenvolvimento sociocultural da região.
Para tanto será feito uma proposta a comunidade local para averiguar a possível organização do museu no bairro, verificando os acervos e a possibilidade das gravações das entrevistas com os mesmos, assim como a contribuição dos comerciantes.  O museu deverá permitir ao visitante uma interação cultural, fornecendo uma melhor compreensão e informação sobre o passado e o presente dos paraguaios.

               2. DESENVOLVIMENTO
Em principio o museu deverá se preocupar com a questão comunitária, com a participação da população local, tanto no planejamento do território como no seu desenvolvimento, utilizando como o objeto central a comunidade, esta deverá aprender a analisar, criticar e dominar de maneira responsável os problemas que se apresentem na comunidade, diferenciando-se de um Museu tradicional, que expõem artigos estáticos que pode resultar numa problemática como diz Varine;

Que em outros lugares os Museus se transformam progressivamente em armadilhas para turistas e em maquinas de dar prestígios às relações internacionais, quando não se tornam apenas um maio de facilitar a ascensão profissional, cientifica ou mesmo política de seus responsáveis. (1979, pg. 63.)


O museu não deverá servir para prestigiar a este ou aquela pessoa, mas sim ser um meio para desenvolver a cultura local, da comunidade. Pois o museu nasce da analise precisa da comunidade em sua estrutura, em suas relações, em suas necessidades; daqueles que a representam oficialmente.
Nesse sentido, o museu é a comunidade e, o museu poderá contribuir com os seus objetos em algumas das exposições, mas é a comunidade que deverá fazer a suas coletas, os estudos e conservar o seu desenvolvimento, assim como resolver os seus problemas; segundo Varine,

As decisões importantes referentes ao ecomuseu não podem vir, em nenhum caso, do exterior ou serem tomadas no local por “animadores” profissionais, quaisquer que sejam suas qualidades. Estes podem apenas auxiliar o estabelecimento do processo maiêutico de decisões e, em seguida, a formalização e a operacionalização das decisões tomadas. (1979, pg.70.)


A decisão deverá partir da própria comunidade é ela que vai constituir o sujeito concreto e principal do museu, unida pela solidariedade e dela vai resultar as necessidades atuais, e a conservação dos meios que estarão envolvidos na organização da instituição.
Primeiramente as pessoas que trabalharem no museu, deverão ser habilitadas a tal função.
O grande desafio é o financiamento para a realização da obra, caímos assim a um patamar intrigante, talvez o ideal fosse propor a comunidade o problema, pois se em conjunto com a mesma a realização será de maior proveito, pois assim não será um local de se promover, quaisquer que seja.
A partir do concreto do museu, pretende-se criar áreas de memória, algo além de objetos, isto é, criar um espaço onde os visitantes possam ouvir dos paraguaios em uma gravação, e eles próprios tirarem suas conclusões. Tendo em vista que o museu além de preservar a memória da comunidade, produz conhecimento, através dos acervos construídos, devendo ser um lugar mais de perguntas do que de resposta. Nesse sentido Ulpiano afirma que:


A especificidade do museu está precisamente naquilo que, ao lhe dar personalidade, distinguindo-o de outros instrumentos similares do campo simbólico, garante condições máximas de eficácia: o enfrentamento do universo das coisas materiais. (1979, pg. 98).
O museu deve ter sua especificidade, o de preservar a identidade e memória de uma comunidade, por se tratar de um processo mutável e não podendo ser resgatada. Ou seja, uma sociedade sem identidade e sem memória não pode ser analisada, e não tem história, sendo que identidade e memória são ingredientes fundamentais da interação social.
A questão política é que de fato aqui se apresenta como uma grande dificuldade, visto que o museu não pode servir a nenhuma empresa, entidade, político, etc. O grande desafio é construir esse museu sem financiamentos relacionados a entidades. Pois se obtiver essa ajuda financeira, os que contribuíram, certamente terão seus nomes envolvidos.

                 4.  CONSIDERAÇÕES FINAIS
Considerando a necessidade de construir um museu com o objetivo de preservar a cultura de uma comunidade, percebem-se os problemas que deverão ser enfrentados, como a organização, pesquisas e exposição dos resultados, assim com a união do envolvidos, primeiramente deverá ser feito uma consulta com a população para saber se eles também tem interesses na preservação das suas memórias, saberes e fazeres.

        5.  REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA
ULPIANO, T. Bezerra de Meneses. Ciências & Letras. —n.1(ago.1979)-Porto Alegre: Faculdade Porto-Alegrense de Educação, Ciência e Letras, 1979.
VARINE, Hugues. Ciências & Letras. —n.1(ago.1979)-Porto Alegre: Faculdade Porto-Alegrense de Educação, Ciência e Letras, 1979.

A Construção do Nacionalismo na Fronteira


NACIONALISMO NA FRONTEIRA

Adriana Rezner [1]
German Sterling[2]


1-               CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Este artigo tem por objetivo fazer algumas observações sobre o significado e conceito de nacionalismo, para brasileiros que vivem no Paraguai os chamados brasiguaios. Falar de uma unidade cultural dentro de uma região ou mesmo nação diferente, implica em entender as dinâmicas e estratégias desse processo histórico e de cada comunidade.
Pode-se dizer que através das mudanças ao longo do tempo e, das transformações, os seres humanos fazem uma transmutação de costume, ou seja, mesclam e acabam criando uma nova cultura. Como é o caso dos brasiguaios que podem ser considerados “cruzadores de fronteiras[3]”, por assimilarem e se integrarem rapidamente a cultura do outro, como acontece com o tererê, a língua, a seleção de futebol, a dupla cidadania e a influência na economia e na vida política de algumas cidades do Paraguai.
Para tanto foi feito uma análise do jornal a Gazeta do Povo, de uma reportagem publicada em 15/05/2010 por Denise Paro, com o titulo “Quién són los "brasiguaios"? com o objetivo de entender por que os gaúchos que vivem no Paraguai defendem os costumes do Estado do Rio Grande Sul e, não o sentimento pela pátria brasileira, assim como a diferença entre nacionalismo, nacionalidade e regionalismo, analisando o que pode ser considerado nacionalismo, e como é manifestado esse sentimento por cidadãos brasileiros, que vivem do outro lado da fronteira.
Para contrapor a idéia de Paro foi utilizado o livro de Lindomar Albuquerque, A Dinâmica das Fronteiras (2010) onde ele descreve como esses brasileiros assimilam a cultura paraguaia, assim como usam de forma estratégica a identidade situacional, para entender se, a idéia de assimilação é constituída da mesma forma em todos os lugares e por todas as comunidades, foi realizada uma entrevista com uma família de paraguaios que vivem em Foz do Iguaçu há alguns anos, analisando se a cultura dos parabrasis[4] também passa pelo processo hibrido e estratégico da mesma forma que os brasileiros que vivem no Paraguai.
Portanto seguindo a idéia de que o nacionalismo é uma construção, que emerge após a Revolução Francesa, foi utilizado o teórico Eric Hobsbawm, e o livro A Invenção das Tradições.  Para demonstrar que não existe uma cultura pura ou única, mas sim uma mistura de costumes que vai se construindo ao longo do tempo e espaço.

PALAVRAS CHAVES:
Brasiguaios; Cultura; Fronteira; História; Imigração; Nacionalismo; Parabrasis; Regionalismo.

2. DESENVOLVIMENTO DA PROBLEMÁTICA
Na década de 1950 o presidente do Paraguai, Stroessner favoreceu a imigração de brasileiros para o desenvolvimento da cultura agrícola daquele país, muitos brasileiros com a promessa de terras baratas foram para lá investir, com objetivo de adquirir seu “pedacinho de chão”. Nesses 60 anos muitas vilas dentro do Paraguai se desenvolveram, hoje verdadeiras cidades, como é o caso de Santa Rita, Laranjal, San Alberto, etc. Algumas com uma população quase que na sua maioria de brasileiros ou descendentes, com grande número de cidadãos vindos do Rio Grande do Sul. Ali cultivam sua cultura e seus costumes, como o chimarrão os CTGs.[5]e o gosto pelo time do coração[6], como também a realização de festas tradicionais do Estado (Semana Farroupilha, cavalgada etc.). Muitos brasileiros dizem que os brasiguaios são pessoas que não obtiveram sucesso no Brasil e foram tentar a vida do outro lado da fronteira. Nesse sentido Paro diz que;

“Para alguns eles são aqueles que não deram certo no próprio país, para outros, encarnam os novos bandeirantes. Quem são os brasiguaios, afinal? Imigrantes brasileiros ou cidadãos sem pátria? Uma incursão pelas cidades “brasiguaias” do Paraguai mostra que esses imigrantes aos poucos se inserem cada vez mais na nação guarani, mas ainda mantêm vivo o sentimento verde e amarelo.” (Denise Paro, Gazeta do Povo, 2010).

A construção do nacionalismo segundo Magnoli, (2003, pg. 12) surge na Europa, com a Revolução Francesa, “nasce efetivamente, no momento histórico do declínio do pensamento religioso” e, mais tarde influenciaram o pensamento de varias nações, não diferente do pensamento Latino americano, e brasileiro, entretanto Andrade; (1995, pg. 94) considera que desde a formação e organização da colônia, as capitanias hereditárias, o sentimento de nacionalismo, ficam em segundo plano, pois se formaram isoladas, e daí surge o sentimento regional bem superior ao nacional, atualmente esse sentimento regionalista é vivenciado com mais afinco em dois estados brasileiros, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, dois Estados onde ocorreram movimentos em favor da autonomia do Estado. Em Minas Gerais o sentimento regionalista emerge com a Inconfidência Mineira em 1789, disseminada com Tiradentes, e no Rio Grande do Sul foi difundida com Giuseppe Garibaldi, com a Revolução Farroupilha, em 1835, esse sentimento verde e amarelo, que dizem ter do outro lado da fronteira pode ser entendido mais como regionalismo. A identidade nacional não é mais do que representações culturais, construídas através da educação, com objetivo de criar padrões particulares como meio de identificação entre as comunidades. Segundo Hall, (1998, p.38-39).

A fidelidade e a identificação que, em uma era pré-moderna ou em sociedades tradicionais, eram dadas à tribos, as pessoas, à religião e à região, vieram a ser gradualmente transferidas, nas sociedades ocidentais, para a cultura nacional. [...] As culturas nacionais são compostas não somente de instituições culturais, mas de símbolos e representações.

Nesse sentido se observa as tradições gaúchas que se destacam com mais intensidade a partir de 1898, quando é fundado o Grêmio de Porto Alegre, primeira agremiação tradicionalista do Rio Grande do Sul.  Com a industrialização do país e a mecanização do campo, o meio rural deixa de precisar mão de obra de peões, então se inicia o êxodo rural. E as pessoas Segundo Oliven, (1991, p. 43-44) citado por Menashe (1993). “Queriam recriar o que imaginavam ser os costumes do campo e o ambiente das estâncias”, nas reuniões feitas em galpões, eram recriados os aspectos do campo, ali tomavam mate, recitavam as antigas poesias, ouviam música, e relembravam os costumes habituais. O Centro de Tradições Gaucha se proliferam a partir de 1948 quando acontece o congresso em Santa Maria, de onde debateram o que passaria a ser parte do Movimento Tradicionalista, foi à forma que eles encontraram para fazer referência aos costumes do campo, ou meio de recriar seu próprio passado, através de repetições quase que obrigatória dos costumes regionais. É o que Hobsbawm (1984) chama de invenção das tradições.  
 Em artigo publicado pela Gazeta do povo, (2010). Quién són los brasiguaios, Denise Paro, nos apresenta uma situação onde os brasileiros dizem torcer pelos times do Rio Grande do Sul, mas quando jogam Brasil e Paraguai não sabem para quem torcer como podemos considerar isso sentimento de nacionalismo? Visto que, no Brasil em época de copa do mundo, por exemplo; é que o sentimento de amor a pátria aflora, então não podemos considerar nacionalismo o que os brasiguaios apregoam, mas sim amor ao que é do Estado. Antes de ser brasileiro é “gaucho”. Na citação abaixo se percebe esse sentimento regionalista manifestado pelo senhor Heckler em entrevista a Paro.

“Aqui metade é Inter e metade é Grêmio. Tem até torcida organizada”, observa. Mas quando Brasil e Paraguai se enfrentam, a confusão toma conta dos brasiguaios. “Nós não sabemos para quem torcer”, diz Heckler. Todos os anos têm a Festa do Costelão, Festa de São João, cavalgadas e a Semana Farroupilla. (Denise Paro, Gazeta do Povo, 2010).

Nesta fala do senhor Heckler, percebe-se muito bem a questão do regionalismo, que segundo o dicionário Aurélio significa: “Defesa de interesses regionais, ou valorização, nas artes, dos elementos e costumes próprios a uma região geográfica”. Como as festas regionalistas, a cavalgada e a Semana Farroupilha. Não há uma defesa ao que é próprio da nação. Há também a questão da nacionalidade, nesse sentido podem ser considerados brasileiros, por terem nascidos no Brasil, mas, aí há outra contradição, pois usam a cidadania para tirar proveito de algumas situações à ambivalência das identidades nacionais, com características totalmente diferentes e opostos. “para os brasileiros dizem ser brasileiros, mas, para os paraguaios dizem ser paraguaios, eles se auto-intitulam conforme as situações”.  “os brasiguaios na fronteira entre o Brasil e Paraguai, se apresentam com diferentes identidades, conforme as pessoas com quem estão se relacionando”. É o que Albuquerque define como “o complexo jogo das identidades, situacional e negociada” (2010, pg. 28).
 Vivem em uma região onde a maioria é de brasileiros que estão unidos pela cultura, língua, e costumes, mas não dão preferência e exclusividade ao que é próprio da nação, um exemplo é que toma chimarrão até as dez da manha e depois tererê. Heckler, diz em entrevista a Paro, “nossa cultura é paraguaia e gaucha”. Em nem um momento refere-se ao Estado-nação.
Nesse sentido observa-se que os brasiguaios passam pelo processo de assimilação, fazendo algo igual, “cruzando as fronteiras”[7], ou podemos considerar como estratégias para o melhor convívio? Ainda mais, seria isso normal? Pode-se dizer que através das mudanças ao longo do tempo e das transformações os seres humanos fazem essa transmutação de cultura. Outra curiosidade é, será que isso acontece só com os brasiguaios que vivem no Paraguai ou os “parabrasis”[8] que vivem no Brasil também passam pelo mesmo processo de assimilação e hibridismo cultural? Para Bauman (1999, pg. 168).

As diferenças entre a forma que se comportam os seres humanos tende a desaparecer ou, pelo menos, a se embaraçar; que, sempre que e em toda parte onde os seres humanos de hábitos distintos passam a viver intimamente relacionados entre si, com o passar do tempo, tendem a tornar-se cada vez mais iguais uns aos outros; alguns hábitos aos poucos vão dando lugar a outros, de modo que disso acaba resultando numa uniformidade maior.   

A citação a cima trata da idéia de que ao longo do tempo e a convivência com outras culturas e hábitos diferentes vai haver uma influência uma mistura e, o que era duo se tornará uno. Isso acontece pelo convívio diário ou será uma estratégia, pela necessidade social?  Nas entrevistas dá a entender que é mais uma estratégia dos brasiguaios, o que mais uma vez contraria a perspectiva essencial do nacionalismo.
Para entender melhor essa questão da transmutação que Bauman se refere pode-se analisar também os “parabrasis” ou paraguaios que vivem deste lado da fronteira, em Foz do Iguaçu. Para tanto foi realizado uma entrevista oral com o senhor Dario Benites, de 57 anos, que vive a 22 anos em Foz do Iguaçu, no bairro JD. Itália, para entender se esta assimilação cultural também acontece com eles, Dario relatou que “aprendeu a língua portuguesa, mas não deixou de falar o guarani, não deixou de tomar tererê, e mesmo depois de tantos anos vivendo aqui continuam a fazer comidas típicas do seu país, (chipa, tortilha, tê e sopa paraguaia) e que quando joga Brasil e Paraguai ele torce pelo Paraguai, agora quando o Brasil joga com outro país ele torce pelo Brasil, ao ser indagado se eles participam de festas populares como bailes, ele diz que não, mas gosta de ouvir musicas brasileiras, porém nunca participou”. Entrevista cedida em 23/10/10.
Entende-se que o hibridismo cultural acontece de forma diferente com os parabrasis que estão na fronteira eles não aderiram os costumes brasileiros com a mesma facilidade que os brasiguaios. Geralmente há uma integração entre as etnias, uma assimila a cultura do outro, mas na cidade de Foz do Iguaçu os parabrasis são mais conservadores nesta questão, entretanto não em relação à língua sendo esta a primeira a ser assimilada pelos estrangeiros, para que possam se comunicar melhor, isso na maioria das vezes acontece com as crianças em período escolar. Nesse sentido uma política de integração é cada vez mais propagada na fronteira e por essa razão em 2010;

O ministro da Educação, Fernando Haddad, e o ministro da Educação e Cultura do Paraguai, Luis Alberto, assinaram nesta sexta-feira, 30, em Foz do Iguaçu, Paraná, memorando de entendimento para aproximar políticas públicas dos dois países. Segundo Haddad, é importante fortalecer a educação na fronteira, pois há brasileiros estudando no Paraguai e paraguaios no Brasil. “Precisamos que a integração se efetive com mais força na fronteira entre os dois países”, Para o ministro paraguaio, a região é propícia para o desenvolvimento educacional de ambas as nações. “Podemos aprender muito e para isso queremos trabalhar juntos neste pólo de conhecimento, com intercâmbio de estudantes” (Assessoria de Imprensa da Capes Sexta, 30 de Abril de 2010)

Houve alguns avanços nessa questão, mas não emergiu de fato a integração entre os “estranhos”[9] desta fronteira. O conceito de integração entende-se quando grupos passam a representar-se por uma unidade, simbólica, aí se pode dizer ou até mesmo afirmar que os brasileiros assimilam alguns costumes da cultura paraguaia, mas com os paraguaios é diferente. A política entre os dois países, Brasil e Paraguai é de integração, mas ela ainda não aconteceu de fato. Haja vista que a integração está sendo oportunizada através da educação e pela Itaipu, onde se uniram e ainda estão unidos brasileiros e paraguaios tanto para realizar esta grande obra, no passado, quanto atualmente para exercerem os seus trabalhos, mas não ocorre no que se refere à cultura, apenas em partes. Pode-se dizer que estão assimilando a língua para conviver e fazer intercâmbios entre os estudantes como diz a citação, mas não é o mesmo que sentir como próprio da cultura de cada um, portanto existem muitas diferenças entre uma coisa e outra. Segundo (MAUSS, 1972; ALVAREZ, 1995). Numa citação de Mendonça (2005, pg. 119) “a integração ocorre quando grupos passam a representar-se por uma unidade política, econômica ou simbólica a qual são incorporados como cidadãos” tendo em vista que a integração definitiva não acontece no Paraguai pelos brasiguaios e nem em Foz do Iguaçu, da parte dos parabrasis.
Nesse sentido pode-se dizer que a cultura dos gaúchos que vivem no Paraguai tem caráter de permeabilidade, assumem-se nacionalista só quando são questionados e acusados de “invasores” do país vizinho, usam o termo nacionalista por pré-conceito, um meio de dizer que são “superiores”, ao destacarem sua superioridade tecnológica e cultural. “os brasiguaios se autodefinem como ‘trabalhadores’, ‘pioneiros’ e pertencentes a um país mais desenvolvido”. (Denise Paro, Gazeta do Povo, 2010).
Os brasileiros uniram-se numa unidade simbólica, mas não há uma adesão por parte dos paraguaios, nos Centros de Tradições Gauchas no Paraguai lá é feito às reuniões e festas populares da cultura gaúcha, porém, ali não há paraguaios integrados a essa cultura, eles estão mais numa posição de “reforçador de fronteira”. Não aceitam a “invasão” dos brasileiros. Os imigrantes não são bem vindos pelos campesinos paraguaios. Continua Albuquerque;

Os sentimentos nacionalistas em relação ao território e à língua guarani e os ressentimentos do período da Guerra do Paraguai afloram nos discursos dos campesinos paraguaios. “Assim, os brasileiros são acusados de ‘invasores’, ‘novos bandeirantes’, ‘herança de Stroessner”. (2010, pg. 240)

Atualmente ainda existe muito ressentimento da parte dos paraguaios que acusam os brasileiros de serem os culpados de seus problemas sociais e econômicos desde a guerra da Tríplice Aliança, onde vêem os brasileiros assumindo uma posição mais privilegiada na relação econômica do país, haja vista que a maioria dos campesinos vive de modo miserável. Nesta fronteira marcada por oposições e regras, políticas, diferenças étnicas, lingüísticas e culturais, os “espelhos[10]” estão de costas e nem tudo corre na maior tranqüilidade, os conflitos entre campesinos e brasiguaios nos mostram isso. A imigração dos brasileiros para o Paraguai é complexa e permeada por problemáticas ainda não esclarecidas ou resolvidas.   
Os brasiguaios podem ser considerados como “cruzador de fronteira”, assimilam e se integram rapidamente a cultura do outro, como é o caso do tererê, a língua, e a seleção de futebol, a dupla cidadania e a influência na economia e na vida política do Paraguai. Este artigo e simples demais para abordar todas as questões sobre o tema, mas pode-se pensar em uma pesquisa mais elaborada para entender qual realmente é o objetivo real dos brasiguaios que vivem do outro lado da fronteira. Segundo Albuquerque: (2010) “Estes deslocamentos ocorrem predominantemente dos países menos desenvolvidos economicamente para os países ocidentais centrais, ex-sedes dos poderes imperiais”. Por conta disso qual seria o objetivo ou no que se configura a posição dos brasiguaios em relação à migração para o Paraguai?  
Porque geralmente os brasileiros que migram para outros países têm por objetivo melhorar de vida, e sempre vão para países mais desenvolvidos economicamente que o Brasil, porém a questão é que o país vizinho é um dos países mais pobres da América do Sul, então não faz sentido à migração para o Paraguai, o que realmente buscam dominar? Quem e o que?     

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
            Ao analisar o artigo e realizadas as leituras teóricas assim com análise da entrevista relacionados aos brasiguaios que vivem em cidades do Paraguai percebe-se que defendem alguns costumes do estado em que nasceram, e não há um sentimento de nacionalismo concreto, conservam muitos traços da cultura rio-grandense, mas é uma cultura hibrida, usam a questão do nacionalismo conforme a situação, para fugir do preconceito e por interesses.
No entanto o intenso contato com a cultura paraguaia e o longo tempo de vivencia não faz desaparecer os costumes regionalistas dos gaúchos que migraram para o Paraguai, mas sim o sentimento pela pátria. Assimilaram a cultura do outro, como esponjas, e se adaptam rapidamente. E assim o nacionalismo acaba em segundo plano. Muitos dos brasiguaios têm a nacionalidade brasileira, por terem nascido no Brasil e, conservam alguns costumes regionais, mas não são nacionalistas, ao contrario dos paraguaios que defendem a soberania nacional de seu país e de sua cultura contra os “invasores” brasileiros, são “reforçadores culturais”, mantendo uma postura mais conservadora de suas raízes.  




4. BIBLIOGRAFIA:
ANDRADE, C. Manuel. A questão do território no Brasil. Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas. Editora Hucitec Ipespe, São Paulo. Recife. 1995.

ALBUQUERQUE, José Lindomar C. A dinâmica das fronteiras: os brasiguaios na fronteira entre o Brasil e o Paraguai. São Paulo: Annablume, 2010. 

BAUMAN, Zygmunt. Modernidade e Ambivalência. In: FEATHERSTONE, Mike. Cultura Global. Petrópolis: Editora Vozes, 1999. p.155-182.

Brasil e Paraguai pretendem aproximar políticas públicas Publicado em 30 /04/10. (Assessoria de Comunicação Social do MEC). Disponível em:

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda, Miniaurélio, o minidicionário da língua portuguesa [et al.].-6.ed. ver. Atualizada. Curitiba: Positivo, 2004, 896 p.

HALL, Stuart. A questão da identidade cultural. As culturas Nacionais como “Comunidades Imaginadas”. 2ª Ed. Textos Didáticos nº 18- fev, 1998. (pg. 37-44)

HOBSBAWM, Eric (1984a). “Introdução: A Invenção das Tradições”, In: E. Hobsbawm & T. Ranger (orgs.). A Invenção das Tradições, Rio de Janeiro, Paz e Terra.

MAGNOLI, Demétrio. O corpo da pátria: imaginação geográfica e política externa no Brasil. São Paulo: Editora da Universidade Paulista: Moderna, 1997.

MENASHE, Renata. Gauchismo: Tradição Inventada. UFRRJ/CPDA. 1993.

MENDONÇA, A. Luciana. Parques Nacionais do Iguaçu e Iguazú: uma fronteira ambientalista entre Brasil e Argentina, 117. Coleção América. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2005. 

OLIVAN, Ruben George (1994). “A Fabricação do Gaúcho.” Ciências Sociais Hoje, p. 43-44.

“Quién són los brasiguaios”? Publicado em 15/05/2010. Disponível em: http://www.gazetadopovo.com.br/cadernog/conteudo.phtml?tl=1&id=1003137&tit=Quien-son-los-brasiguaios Acessado em 10/set/2010.









[1] Acadêmica de História, 6º período,
[2] Orientador e Professor da disciplina de História e Fronteira
[3] Conceito Lindomar Albuquerque, A dinâmica das Fronteiras (2010).
[4] –o termo “parabrasis” será usado por não haver uma denominação para os imigrantes paraguaios que vivem em Foz do Iguaçu ou em outras regiões do Brasil–, (“parabrasis” foi criado pelo professor de Ensino Superior da Faculdade Uniamérica German Sterling na disciplina de História).
[5] Centro de Tradições Gaucha.
[6] Grêmio e Internacional.
[7] Aquele que não tem “pré-conceitos” pode-se dizer que o brasiguaio é mais flexível e se adapta com mais facilidade aos costumes do outro.
[8] Conceito criado pelo professor da disciplina de História e Fronteira, German Sterling, da Faculdade União das América - UNIAMÉRICA.

[9] Conceito usado por BAUMAN, para definir o outro.
[10] Conceito utilizado por MENDOÇA, para referir-se aos reflexos culturais de cada Nação, cultura, ou comunidade. Para se afirmarem como pertencentes à cultura que estão inseridos ou se reconhecem nela.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Educação Escolar Indígena


Desde o inicio da colonização passando pela República e atualmente a preocupação com a educação escolar indígena permeia o ideal brasileiro, praticada de inicio pelos Jesuítas e, posteriormente embasada pelas leis, por profissionais da área da educação, mas o que na teoria é perfeito, não o é na prática, a lei não está sendo cumprida quando se coloca em pauta a educação indígena no Brasil.
A idéia de não ingerência na cultura indigenista é uma mentira, porque desde a colonização, no momento em que se faz o primeiro contato já se estava interferindo no modo de viver do índio. O “homem branco” é que dita as regras, imobilizando o desenvolvimento social e cultural dos nativos, atualmente o que se ouve é que eles devem ou deveriam viver da mesma forma que foram “encontrados” há 500 anos, isso não cabe num mundo em transformação global, tanto tecnológico quando humanitário, onde o Imperialismo toma conta e invade os quatro cantos.
Imaginar o nativo vivendo na floresta, no século XXI, caçando, pescando e cuidando de sua saúde naturalmente, após 510 anos é uma palhaçada, e se isso não é interferência do “homem branco”, então mudaram o significado do conceito.
A educação em si já é um modo de domesticar, tendo em vista que é através da educação que se tenta construir um cidadão, ou seja, a escola é um produto da sociedade, para a sociedade. Segundo Da Silva, “as escolas tradicionais Astecas formavam sacerdotes e guerreiros porque a sociedade Asteca dependia de sacerdotes e guerreiros para o seu funcionamento e sua continuidade”. Sendo assim, escolas numa aldeia são como porta de saída de suas comunidades. Assim como escolas não indígenas produzem médicos, advogados, técnicos e, outros profissionais, porque a sociedade depende destes, é ingênuo pensar que as escolas dentro de uma aldeia não fará o mesmo e, é esta uma das preocupações de organizações atualmente, reverter o êxodo das populações indígenas, mas como apagar da memória o já conhecido ou vivido.
A escola direcionada ao indígena deve ser mantida, mas com uma política integracionista, onde todos tenham direitos e deveres, ou seja, igualdade a todos os brasileiros. 

Bibliografia

Artigo. DA SILVA, F. Marcio. A conquista da escola: educação escolar e movimentos de professores indígenas no Brasil. Brasília, ano 14, n.63, jul./set. 1994.